Na conversa, cuja transcrição foi anexada ao pedido de prisão de 14 membros da facção apresentado à Justiça, um dos investigados pede a um “parceiro” que investigue a placa de um carro da polícia, aparentemente descaracterizado, e repasse os trajetos feitos pelo veículo.
“Parceiro, precisava saber aonde esse carro andou de sábado até hoje (sic)”, diz a mensagem, que segue: “Consegue dar uma força pra mim pra vê no detecta lá (sic)”.
Em resposta, a mensagem trouxe uma tela com as informações de cadastro do carro, como ano de fabricação e local de emplacamento. A tela dizia ainda que o “possuidor” do automóvel era a Polícia Civil de São Paulo.
A mensagem foi usada como exemplo pela Polícia Federal da periculosidade do grupo e justificar a necessidade das prisões preventivas.
O Detecta é um agregador de informações que só poderia ser acessado por agentes das forças de segurança. Em São Paulo, toda vez que um carro passa por um radar de velocidade, por exemplo, as informações ficam armazenadas no banco de dados do Detecta, que deveria ser sigiloso.
Assim, ao buscar uma placa de veículo, os policiais sabem quando um automóvel circulou e em quais ruas. A proposta de ter um sistema assim é, além de recuperar carros roubados, saber onde veículos suspeitos de relação com sequestros e homicídios passaram.
Ele também fornece endereço e informações colhidas do RG dos cidadãos e dos registros da própria polícia, como antecedentes ou boletins de ocorrência registrados por cada pessoa. O acesso a essas informações, em tese, também é monitorado.
Essas informações, porém, estavam sendo vazadas para os integrantes da facção, segundo o relatório da PF. “Temos indicativo claro de que os investigados te?m acesso a dados que deveriam ser sigilosos, o que permite a eles agir com desenvoltura na pratica de crimes, pois conseguem identificar veiculos das forças de segurança”, diz o relatório da PF.