Doença silenciosa e indolor, a Sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (ISTs) que continua sendo uma preocupação da saúde pública mesmo após anos de existência, de tratamento e da ampla divulgação de sua prevenção no Brasil.
Se não for tratada adequadamente, pode se tornar um perigo para a saúde permanecendo no corpo da pessoa por décadas, para só depois manifestar-se novamente, causando doenças cardiovasculares, cerebrais, além de anomalias. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), é notado um aumento do número de casos de sífilis no país que chama atenção e mantém aceso o sinal de alerta vermelho.
Na Bahia, a quantidade de casos teve uma leve redução nos seis primeiros meses deste ano: foram 6,679 casos somando as três categorias: sífilis adquirida, sífilis em gestantes e sífilis congênita. No mesmo período do ano passado, 7.118 casos foram registrados. Os dados são da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
A redução no somatório total, no entanto, é por conta da diminuição nos casos de sífilis em gestantes e sífilis congênitas. A doença adquirida, ou seja, através do ato sexual, apresentou um crescimento de 248 casos na Bahia de janeiro a junho deste ano.
“Mas esses são os dados notificados, aqueles que chegam às unidades de saúde para o tratamento com benzetacil, na maioria dos casos. Por ser silenciosa e indolor, ela é difícil de identificar e muita gente não faz o exame. Por isso, o número pode ser sempre maior”, afirma a infectologista Maura Argolo.
Do total de casos este ano, a Sesab informa que 4.350 são de sífilis adquirida, 1830 de sífilis em gestante e 499 sífilis congênita. Esta última, é há infecção fetal via hematogênica, em qualquer fase gestacional ou estagio clínico da doença materna. Já nos seis meses de 2023, foram 4.102 casos da doença adquirida; 2.390 em gestantes; e 626 congênita. Em todo o ano de 2023 a secretaria registrou 14.950 casos de sífilis como um todo, sendo 9.120 da classificação ‘adquirida’.
Brasil – Segundo o Boletim Epidemiológico Sífilis 2023, do Ministério da Saúde, de 2012 a 2022, foram notificados no país 1.237.027 casos de sífilis adquirida, 537.401 casos de sífilis em gestantes, 238.387 casos de sífilis congênita e 2.153 óbitos por sífilis congênita. Houve aumento na taxa de detecção de sífilis adquirida de 2012 a 2022, exceto em 2020, provavelmente em decorrência da pandemia de covid-19.
Para a infectologista, vários fatores podem ser atribuídos ao aumento das infecções por sífilis. “A disparidade no acesso aos serbiços de saúde, no diagnóstico e no tratamento, mas também a falta de conscientização. Tem uma questão social que dificulta ianda mais, que é o estigma em torno das ISTs, o que prejudica a ida das pessoas ao diagnóstico”, acrescentou Maura.