A venda da Atlantic Nickel, em Itagibá, ainda está indefinida, mas deve mesmo acontecer. Há quase um ano, a Appian, proprietária da empresa, anunciou a venda do ativo, junto com a Mineração Vale Verde, em Serrote, Alagoas. O valor anunciado para a operação, que envolve a mineração de produtos críticos para a transição energética, foi de US$ 1 bilhão.
De acordo com o anúncio feito pela Appian, o controle deve passar para uma holding formada pela Glencore, Volkswagen e Stellantis – as duas últimas interessadas em verticalizar a produção de componentes para seus veículos elétricos.
“A CBPM tem que avalizar a negociação, então isso para mim oficialmente não existe”, rechaçou Henrique Carvalhal, presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), ao ser indagado sobre a operação na última sexta-feira (19), na posse da nova diretoria do Sindimiba, entidade que reúne as empresas de mineração no estado.
Segundo ele, o negócio depende de autorização do governo do estado, proprietário da mina, para acontecer. “O que eles querem vender não são os equipamentos de produção, mas o direito de extrair o material, que é nosso”, explicou. Apesar da retórica, o caminho mais provável é que o governo e as empresas negociem alguma contrapartida e o estado autorize o negócio. Até porque o prejuízo de uma eventual paralisação da mina por conta do imbróglio teria impactos econômicos e sociais indesejados em Itagibá e região.
Lição aprendida
O que o caso do níquel trouxe para o governo do estado foi um aprendizado, diz o presidente da CBPM. Melhor do que receber royalties pela produção mineral em suas áreas de produção é entrar como sócio no negócio. Embora não seja legalmente possível alterar os contratos que já foram assinados, a companhia mineral vai alterar os próximos acordos neste sentido, garante Carvalhal. “A forma como a CBPM atuou nos últimos 50 anos não funciona mais. É por isso que estamos criando novas formas de atuação e de negócios”, diz ele.