Para atender a demanda mundial crescente pelo cacau, produtores do Cerrado baiano, região não tradicional para cultivo da cultura, estão ampliando a capacidade produtiva e atraindo mais investidores.
Um projeto de produção de mudas do cacaueiro foi lançado no Oeste da Bahia e deve fornecer 3 milhões de plantas para todo o país.
Na região, o cacau é foco de investimentos que cresceram exponencialmente nos últimos 5 anos.
Miguel Andrighetti é um dos produtores que passaram a integrar o fruto em seus sistemas de produção como uma forma de diversificar e ampliar os ganhos.
“Há um ano e meio atrás a gente resolveu fazer a implantação do cacau. a pleno sol, associado com açaí. então hoje a gente tem lá mais ou menos uma média de 900 a 1.000 plantas por hectare. O mais velho é com um ano e meio em média, então a gente não tem ainda noção de produtividade, mas a gente já vê que uma planta aqui no oeste, ela vegeta bastante devido à luz solar”, conta.
Muita inovação e tecnologia fazem parte da preparação, do cultivo e do manejo do cacau por aqui.
Aspectos considerados decisivos para que o fruto se desenvolva e alcance boa produtividade. na região, a média tem alcançado 80 arrobas por hectare.
De acordo com Lucimara Chiari, diretora da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), o Ministério da Agricultura, por meio da comissão tem incentivado a expansão da cultura no país.
“A gente sabe que a produção de mudas é um dos principais gargalos tanto para a renovação quanto para a expansão da cultura, então o que a gente vê é um trabalho de qualidade, um trabalho que tem que ser incentivado mesmo. A gente fechou uma parceria com a Bio Brasil, foi nosso primeiro parceiro privado, e começamos a fazer coleta de dados mensais desde então.”, relata.
O fornecimento de mudas deve impulsionar ainda mais o crescimento da quantidade de áreas voltadas para a cacauicultura na região, com mudas próprias para se desenvolverem nas condições específicas do Cerrado.
Moisés Schimdt é um dos empresários que tem investido na produção em larga escala.
“Vale lembrar que tudo isso que você está vendo é apenas a primeira etapa, nós temos uma segunda e uma terceira etapa a serem concluídas ainda, mas é um viveiro que vem com a projeção aí de 3 milhões de mudas nesse primeiro momento. E parte até 2027 para 10 milhões de mudas de cacau. É uma produção jamais vista em escala de viveiro”, conta.
Segundo Ana Paula Losi, presidente da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), o produto oriundo do Cerrado deve começar a atender a indústria brasileira em cerca de três anos.
“Eu acredito que esse ‘boom’ do cacau no mundo, o preço aumentando, mas também do pessoal vendo que se investe com tecnologia, se trabalha direitinho, o cacau é uma cultura rentável, está fazendo com que as pessoas venham entender que a gente precisa de tecnologia, a gente precisa de estudo, a gente precisa de pesquisa”, ressalta.
Para Moisés Schmidt, os investimentos refletem a demanda mundial pelo cacau. “Podemos citar a China como um dos maiores consumidores globais, mas que o cacau ainda não chegou lá, o chocolate ainda não chegou lá. então com grande potencial ainda de incremento.”, explica.
Na avaliação da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), a produção atual no estado, que é de 240 mil toneladas de cacau por ano, deve crescer ainda mais com os investimentos.
“Isso não é nenhuma utopia, é só fazer uma conta matemática aí, que a gente plantando 10 mil hectares de cacau aqui, que já boa parte dele já está implantado, rapidamente produzindo aí 200 toneladas por hectare, a gente vai produzir mais de 2 milhões de toneladas aqui. Eu não tenho dúvidas de que o cacau e a cultura na Bahia terão dois momentos. Um, até o cacau chegar aqui no cerrado e o outro depois do cacau chegar ao cerrado.”, detalha Miranda.