Apontado como um dos envolvidos na morte da vereadora Marielle Franco (Psol) e o motorista Anderson Gomes, em 2018, o ex-policial militar revelou em delação premiada que as pessoas contratadas para matar a edil carioca receberiam loteamentos no Rio de Janeiro que valiam em torno de R$ 100 milhões.
“Não é uma empreitada para você chegar ali, matar uma pessoa, ganhar um dinheirinho. Não. […] Era muito dinheiro envolvido. Na época, ele falou em R$ 100 milhões”, declarou Lessa, durante reportagem do Fantástico, que foi exibido neste dominfo, 26, pela Rede Globo.
Lessa contou que foi contratado pelo deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) e seu irmão, Domingos Brazão, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Atualmente, ambos estão presos.
Segundo a delação, os matadores receberiam dois loteamentos na Zona Oeste do Rio. Lessa afirmou que o objetivo era instaurar uma milícia no local e lucrar com produtos e serviços clandestinos. Também há menção a uma possível influência eleitoral.
“Então ali já teria a exploração de gatonet, a exploração de cones, a exploração de… qualquer outra coisa que a milícia explora. Venda de gás. […] A questão valiosa ali é o quê? É depois, é a manutenção da milícia porque a manutenção da milícia vai trazer voto”, disse o ex-policial.
A motivação para o crime seria uma possível interferência de Marielle na operação da milícia. Ronnie Lessa não chegou a explicar quando os loteamentos seriam entregues e nem o local, entretanto, o ex-PM afirmou que não era um dos contratados para matar a vereadora.
“Não fui contratado para matar a Marielle como um assassino de aluguel. Não. Eu fui chamado para uma sociedade”, declarou Lessa, que disse ainda ter se encontrado três vezes com os Irmãos Brazão para planejar o crime.
Marielle e o motorista Anderson Gomes foram mortos na noite de 14 de março de 2018. A vereadora havia saído de um encontro no instituto Casa das Pretas, no centro da cidade. O carro em que a vereadora estava foi acompanhado pelos criminosos até o bairro do Estácio, que faz ligação com a zona norte, quando foi alvejado por tiros.