A Polícia Civil da Bahia cumpriu 33 mandados contra criminosos em municípios no interior na Operação Premium Mandatum, deflagrada nesta quinta-feira (23). Entre os alvos, apenas sete estavam em liberdade porque, assim como na Operação Hégira, em Salvador, a maioria dos investigados são condenados que cumprem pena em celas do sistema prisional do estado.
Ao todo, 26 integrantes de uma organização criminosa, que não teve o nome revelado, amanheceram com agentes de segurança revistando o local onde dormem em penitenciárias de Simões Filho, Juazeiro, Teixeira de Freitas, Paulo Afonso e Vitória da Conquista. Diretora do Departamento de Polícia Civil do Interior (Depin), a delegada Rogéria Araújo foi direcionada para locais nas prisões onde se originam crimes graves.
“Nós chegamos a vários crimes de homicídio com ordens que partiram de dentro do sistema prisional por parte desses investigados, alcançando inclusive executores. Além disso, temos comprovada a prática de aquisição de arma de fogo para a partir de ações coordenadas por eles, que fomentam a entrada desse armamento no estado, e o tráfico de drogas como cocaína e maconha, que também funcionava sob ordens destes presos”, explica a delegada.
A operação envolveu 200 servidores da Polícia Civil, equipes do Gaeco, da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), além de policiais militares e agentes da Polícia Civil do estado de Pernambuco. Coordenador de operações da Polícia Judiciária, o delegado Artur Guimarães não detalhou todos os elementos encontrados nas celas para comprovar a ligação dos acusados para não comprometer o fluxo da investigação, mas deu exemplos do que pode ser encontrado nessas ações.
“Nessas celas, a gente coleta elementos que são provas de comunicação interna e externa. Essas buscas e apreensões já são, por hábito, realizadas pelas polícias penais. Nessa ação, porém, a gente vai muito incisivo, já tem aqueles indivíduos que foram identificados como liderança. Em geral, a gente pode falar em celulares, cadernos, anotações e outros itens que não se pode detalhar”, fala o delegado.
De acordo com Rogéria Araújo, investigações que miram detentos seguem no sentido de, além de neutralizar a comunicação com o crime no lado de fora das prisões, identificar possíveis facilitadores no sistema prisional que viabilizem o processo. A delegada diz que não conclui e nem descarta nada sobre o envolvimento de pessoas que trabalham em conjuntos penais.
“A Polícia Civil não pode afirmar e nem negar. Todo o material, como eu disse, está sendo recolhido, será analisado. Como você vê, é uma investigação muito complexa que está aí desde o ano de 2021. Então é um farto material que vem sendo coletado com o apoio do Ministério Público e do Gaeco”, completa.
A investigação que desencadeou a operação de hoje começou após a prisão de um suspeito, em 2021, no município de Senhor do Bonfim. Chefe do tráfico de drogas na região, o homem ordenava crimes de dentro do presídio.