A crescente epidemia de obesidade entre jovens no Brasil está causando um aumento de doenças anteriormente comuns apenas em adultos e idosos, como o diabetes. Um estudo realizado pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) da Fiocruz, divulgado em novembro de 2023, revela que o país tem quase três vezes mais crianças de até 5 anos com excesso de peso (incluindo sobrepeso e obesidade) em comparação com a média global (14,2% no Brasil em 2022 contra 5,6% da média global no mesmo ano).
“Mudanças nos hábitos de vida e na alimentação têm levado crianças e adolescentes a desenvolverem doenças que costumavam ser vistas apenas em adultos, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, obesidade e excesso de gorduras no sangue”, alerta o médico endocrinologista Fabiano Lago, do Spa Estância do Lago, no Paraná.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é o 5º país com maior incidência de diabetes no mundo, ficando atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. Além disso,1,1 milhão de crianças e adolescentes com menos de 20 anos apresentam o tipo 1 da doença, causada por problema na produção deficiente da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas. No entanto, nos últimos anos, o tipo 2, considerado, por muito tempo, uma doença de adultos, já que está associada à obesidade e ao envelhecimento, tem crescido entre o público infantil e jovem de maneira alarmante. Uma pesquisa publicada na revista Diabetes Care em 2023 indica que o Brasil está entre os 10 países com o maior número de casos de diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes.
“Trata-se de uma doença adquirida, muitas vezes resultado de hábitos errôneos acumulados ao longo da vida”, explica Fabiano Lago. “Uma alimentação rica em açúcar, carboidratos em excesso, gorduras saturadas e alimentos ultraprocessados são alguns exemplos”, destaca o endocrinologista. Além disso, os jovens estão se tornando cada vez mais sedentários, trocando interações sociais pelo uso excessivo de telas.
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