Entre 1995 e 1997, a Bahia esteve no comando da Câmara dos Deputados, terceiro cargo na linha sucessória federal. O estado pode voltar à presidência da Casa 30 anos após Luís Eduardo Magalhães (PFL) ocupar o posto. Antônio Brito (PSD) e Elmar Nascimento (União Brasil) disputam a sucessão de Arthur Lira (PP), em eleição que acontecerá em fevereiro de 2025.
A posição se tornou ainda mais relevante dentro do cenário político nacional nos últimos anos, o que tem exigido do Palácio do Planalto o diálogo com o chefe do Legislativo para garantir governabilidade. O cientista político Cláudio André de Souza, colunista do jornal A TARDE, avalia que o aumento da influência dos deputados precisa ser levado em consideração.
Ainda de acordo com o analista, Elmar desponta como favorito, com Antônio Brito em seguida. Os dois baianos, assim como o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), precisarão do aval de Lira e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Um dos nomes ouvidos, em condição de anonimato, disse que as conversas e negociações, das duas partes, ainda não foram iniciadas, mas que hoje Antônio Brito tem conseguido um maior trânsito entre os deputados.
Na última semana, Brito, que fez campanha para Lula em 2022, se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando recebeu o selo de ‘imbrochável’. Sem se identificar, um deputado baiano afirmou que o encontro, que durou cerca de 40 minutos, foi positivo para Antônio Brito, que ainda conta os esforços de Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, para cacifar o nome.
Elmar também se encontrou com Bolsonaro, em maio, em gesto de aproximação com os deputados que apoiam o ex-presidente da República. Apesar do movimento, o deputado do União Brasil tem dialogado com o Planalto e com Lula, por quem foi cotado para assumir um ministério no início do governo.
Nos bastidores, Antônio Brito e Elmar Nascimento tem prometido uma condução parecida com a de Lira, com a Câmara adotando uma postura independente e com a manutenção do atual modelo de emenda parlamentar.
Para Cláudio André de Souza, a eleição municipal de outubro será crucial para o processo. O comportamento de ambos e a linha adotada no pleito será, segundo o analista, importante para definir o caminho dos dois players.
A Câmara dos Deputados foi presidida por três baianos desde a proclamação da República. O primeiro foi Artur César Rios, pelo Partido Republicano Baiano (PRB), entre 1896 e 1899. Também pelo Partido Republicano Baiano, Francisco de Paula Oliveira Guimarães ocupou o posto entre 1903 e 1907.
Luís Eduardo Magalhães, pelo extinto Partido da Frente Liberal (PFL), foi o último baiano a sentar na cadeira de presidente da Câmara, entre 1995 e 1997. No ano seguinte (1998), o então pré-candidato ao governo da Bahia morreu aos 43 anos.