O publicitário Sidônio Palmeira, responsável pela campanha presidencial de Lula (PT) em 2022 e conselheiro do petista, disse na última quinta-feira (11) que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) teve a capacidade de fazer a maior sacada de marketing do Brasil e, por isso, passou a ser celebrado por pessoas que não fazem parte da disputa agrária.
A fala aconteceu durante plenária fechada com cerca de 300 pré-candidatos do movimento, que pela primeira vez decidiu organizar nacionalmente e orientar assentados, acampados e outros representantes que vão disputar as eleições. O evento reuniu cerca de 300 participantes na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (79 km de São Paulo).
Como mostrou o Painel, além de Palmeira, participaram Otávio Antunes, marqueteiro de Fernando Haddad em 2018, Paulo Okamotto, presidente da Fundação Perseu Abramo, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, entre outros.
Em sua palestra, Palmeira disse que o movimento é visto por alguns ”como bandidos, invasores de terra”, mas teve a capacidade de se transformar em ”um modelo de pessoas que têm orgulho de vestir o boné do MST”.
”Não são poucos hoje, não só pessoas do povo simples, mas artistas que têm orgulho de colocar esse boné”, afirmou. Ele também disse que o nome do MST tem força e sugeriu que os membros do movimento explorem esse reconhecimento eleitoralmente.
O “rebranding” descrito por Palmeira aconteceu nos últimos dez anos, ao longo dos quais o MST abandonou a expectativa por uma reforma agrária clássica e passou a defender um programa de reforma agrária popular, com bandeiras como a agroecologia e o reflorestamento, que foram abraçadas por setores variados, como o cultural.
A apresentação de Palmeira teve também instruções diretas e práticas para os pré-candidatos para gravação de vídeos, publicação em redes sociais e interação pessoal com possíveis eleitores.
Ele falou da importância dos pré-candidatos do MST para uma ”grande transformação”: a ampliação de uma base progressista que possa fazer frente ao crescimento da extrema direita nas próximas eleições.
Segundo ele, a extrema direita trabalha com o ódio e a mentira, que geram engajamento com mais facilidade. A mentira é criativa, diferente da verdade, que é mais sem graça, argumentou.
Como a única opção é trabalhar com a verdade, disse, a solução seria produzir materiais simples, que mexam com as emoções dos eleitores, recorram ao humor e tratem de problemas que afligem as pessoas.
”O povo precisa de um esclarecimento, assim, fácil de tudo. E vocês têm um papel nisso. Vocês podem ser eleitos conscientizando esse povo”, afirmou.
Fábio Zanini/Folhapress