Ataques de Pitbull levantam debates sobre proibição da raça no Brasil

Nos últimos dias, ataques de Pitbull contra pessoas chamaram atenção e promoveram debates nas redes sociais sobre a criação de cachorros da raça e a convivência deles em sociedade. Para compreender as características dos cães, o Portal A TARDE entrou em contato com especialistas e donos com o objetivo de informar e desmistificar questões que estão relacionadas à força, criação e temperamento dos animais.

O médico veterinário e adestrador Rafael Macedo explica que cães da raça Pitbull realmente possuem um grande ímpeto agressivo. Ele acredita que essa característica faz parte da raça por consequência da forma que os cachorros eram utilizados pelos seus donos, dando maior importância para a criação do animal.

Mesmo chamando atenção pelo seu porte físico musculoso, o Pitbull também costuma ser carinhoso, dócil, leal e inteligente. A raça tem como característica se aproximar e ter uma convivência cuidadosa com as crianças, ganhando até o apelido de “cão babá”.

Com uma expectativa de vida de 14 anos, cães da raça Pitbull são cercados de polêmicas, mas nem todas são verdadeiras. Rafael Macedo explica que a maioria das raças são resultados de cruzamentos genéticos e que isso não está diretamente relacionado ao comportamento agressivo que os cães podem apresentar.

Nos últimos dias, casos envolvendo ataques de Pitbull tomaram conta do noticiário nacional. A escritora Roseana Murray, de 73 anos, foi vítima de três cães no último dia 5, tendo o braço e a orelha arrancados pelos animais. Ela foi socorrida para o hospital e ficou internada em estado grave.

Neste domingo, 14, outro caso envolvendo ataque de Pitbull foi registrado, desta vez em Mogi Mirim, no interior de São Paulo. Um homem de 30 anos morreu após ser mordido pelo próprio cachorro. Segundo a polícia, a vítima estava tendo uma crise convulsiva no momento do ataque.

O Pitbull foi morto pelo vizinho, que era guarda civil municipal e atirou para tirar o animal de perto da vítima. De acordo com o boletim de ocorrência, a família do homem não conseguiu se aproximar do animal para acabar com o ataque.

Com o objetivo de garantir a segurança pública e reduzir os ataques de cães, o estado do Rio de Janeiro aprovou em 2005 uma lei que proíbe a circulação de cães da raça Pitbull soltos pelas ruas. A medida determina também que apenas adultos com capacidade física e psicológica comprovada podem conduzir esses animais. Outras raças, como Fila, Doberman e Rottweiler também foram impactadas pela lei.

No Rio de Janeiro e em São Paulo também existe a determinação de que cachorros de grande porte devem utilizar focinheira e enforcadores enquanto estiverem em locais públicos. Regiões de países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Espanha também possuem restrições contra animais considerados “ferozes”.

Diante da possibilidade de acidentes envolvendo cães de grande porte, o médico veterinário e adestrador Rafael Macedo explica que é necessário tomar alguns cuidados e saber como se defender em caso de ataques.

Cães da raça Pitbull são banidos ou possuem restrições em cerca de 24 países, como Reino Unido, Espanha, Rússia, Argentina, Itália e Nova Zelândia, por exemplo. Por isso, é comum que após uma sequência de ataques contra humanos, questionamentos sobre a proibição no Brasil sejam realizados. O assunto foi abordado nas redes sociais nos últimos dias.