A Globo passou pela primeira grande mudança em seu jornalismo desde que o seu novo diretor responsável, Ricardo Villela, assumiu o cargo em janeiro. Telejornais de TV aberta e da GloboNews, canal de notícias da emissora, estão liberados para citar nomes de facções criminosas em reportagens.
A mudança, silenciosa, foi ordenada em janeiro, mas só começou a ser usada efetivamente na última quarta-feira (14), quando a emissora precisou noticiar a fuga de dois homens que escaparam do presídio de segurança máxima de Mossoró (RN).
No Jornal Nacional e no canal de notícias da Globo, foi citado em materiais sobre o assunto que ambos os homens faziam parte do Comando Vermelho, facção criminosa criada no Rio de Janeiro nos anos 1980, e que disputa território pelo Brasil com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Até então, a Globo não citava os nomes das fações para não ajudar em sua promoção. A regra não era escrita, mas vigorava informalmente em ordens de chefes desde os anos 1980, quando o Comando Vermelho tomou conta do noticiário policial.
Internamente, já existia muito debate na emissora sobre citar ou não as facções e o que isso mudava na percepção do público. Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo até dezembro, era um dos defensores de esconder os nomes das facções.