A travesti Amanda Franco da Silva Santos foi condenada a 63 anos e oito meses de reclusão, na noite desta quarta-feira,19, pelo Tribunal do Júri, no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, pela morte dos quatro motoristas por aplicativo e uma tentativa de homicídio, além de seis roubos. O crime ocorreu no dia 13 de dezembro de 2019, na localidade conhecida como “Paz e Vida” , na entrada do bairro Santo Inácio. Amanda era a única acusada viva, os outros três homens apontados como participantes da ação morreram posteriormente ao crime.
Amanda é o nome social da acusada . Inicialmente a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) a identificava pelo nome de registro, Benjamin Franco da Silva Santos, que ainda é utilizado pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
Amanda era acusada de 12 crimes: sendo quatro homicídios, uma tentativa de homicídio, seis roubos e uma corrupção de menor, referente ao adolescente Estênio, que teria participado na ação criminosa contra os motoristas de aplicativo.
Durante o seu depoimento, Amanda negou a versão apresentada pelos autos do processo e divergiu quanto à sua participação no crime. Segundo ela, a ação seria para roubar o carro e pagar a dívida do marido e não sabia que os motoristas seriam mortos. Ela negou ter agredido os motoristas e ainda relatou ter sido agredida várias vezes pelo criminoso conhecido por Jel, sendo obrigada a participar da ação.
“Meu marido estava preso e devendo dinheiro a Jefferson. No dia 12, em razão da dívida, esse grupo entrou em contato comigo e lá fui encontrar com Jel para poder liberar uma droga. O adolescente estava com Jel no momento. […] O adolescente, eu e outra trans fomos abusados no dia por Jefferson”, disse Amanda.
Depoimento do sobrevivente
O único motorista que conseguiu sobreviver a chacina, Nivaldo dos Santos Vieira, também prestou depoimento nesta quarta. Ele relembrou que foi chamado para uma corrida no bairro cedo e ao chegar lá já foi agredido. “Eles me chamaram pelo aplicativo por volta das 5h40 da manhã com um perfil de nome Sávio e, quando eu cheguei na entrada da rua, disse que não entraria por questões de segurança. Vieram um homem e uma travesti. Quando entraram no carro, colocaram duas armas na minha cabeça, começaram a me xingar e me deram coronhadas na cabeça”, contou.