Iguaria da Chapada Diamantina, o azeite Rio de Contas tem conquistado paladares e se destacado no cenário gastronômico mundial como um produto de qualidade rara. Produzido a mais de um mil metros de altitude, este azeite extravirgem, o primeiro do Nordeste, é marcado por sabores tropicais e já conquistou prêmio em um concurso internacional de Paris.
Com um processo de produção cuidadoso e artesanal, o azeite Rio de Contas é extraído de azeitonas selecionadas, cultivadas de forma sustentável em terras férteis e sob condições climáticas que remetem a um terroir de tipo mediterrâneo. Fruto de um projeto familiar, as oliveiras do tipo ‘arbequina’ produziram o primeiro azeite de oliva da história do Nordeste, que conquistou a medalha de ouro no concurso Olio Nuovo Days de Paris, em 2021.
Segundo o produtor Christophe Chinchilla, o plantio das oliveiras foi realizado em uma fazenda experimental do município de Rio de Contas, há cerca de quinze anos. A primeira colheita, ainda modesta, aconteceu em 2018, sem a produção de azeite. Três anos mais tarde, e depois de algumas adaptações agronômicas, a nova colheita rendeu uma safra histórica, que inaugurou a Bahia e o Nordeste como terras de produção de azeite de oliva.
‘‘Por volta de 2005, meu pai resolveu começar um novo empreendimento, algo um pouco inovador. Naquele momento, o Brasil não produzia azeite, era praticamente tudo importado de Portugal, Argentina e Chile. Então, ele resolveu buscar um lugar que tivesse condições climáticas parecidas com as de sua terra natal, no sul da França. Em Rio de Contas, ele se sentiu em casa e decidiu tentar a aventura’’, contou.
O cuidado com cada etapa da produção do azeite, desde o cultivo em condições de biodinâmica à extração, resultou, no ano de 2021, em um produto final com sabor e aroma inéditos. Com notas frutadas, essa foi a primeira vez que uma região da Bahia produziu azeitonas em quantidade e qualidade suficientes para a produção de azeite.
Ainda de acordo com o empresário, apesar do destaque, o olivar ainda se encontra em fase experimental, necessitando de investimento em pesquisa e aprimoramento, visto que ainda não foi possível produzir uma quantidade de azeitonas que fosse sustentável de um ponto de vista econômico.
‘‘Aqui, no nosso pomar, metade das árvores nunca produziu e a outra metade produz uma vez a cada três anos. A gente ainda está muito longe dos padrões alcançados no Rio Grande do Sul e na Europa, onde cada pé costuma produzir cerca de 20 kg de azeitona por ano. Além disso, ao invés de produzir todo ano, estamos produzindo uma vez a cada três anos. E, ao invés de 20 kg, estamos colhendo, em média, 5 kg por pé’’, ressaltou.