Uma idosa de 60 anos morreu na tarde de quarta-feira, 8, após sofrer um mal súbito na mesma agência bancária em que Paulo Roberto Braga, de 68 anos, foi levado pela sobrinha, Érika Vieira, já morto para tentar pegar um empréstimo em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
O banco está localizado na Avenida Cônego Vasconcelos. O Corpo de Bombeiros informou que agentes do quartel de Campo Grande, próximo à agência, foram acionados por volta das 13h para atender a ocorrência, após a idosa sofrer o mal súbito. Ela morreu ainda no local.
A assessoria de imprensa do banco Itaú confirmou o ocorrido e prestou solidariedade à família da vítima. “O Itaú Unibanco lamenta profundamente o ocorrido e presta sua solidariedade à família. A cliente teve um mal súbito na entrada da agência, então todos os protocolos de emergência foram imediatamente acionados, incluindo socorro médico”.
Em nota, o banco informou que, em respeito à vítima, clientes e colaboradores, a unidade permanecerá fechada. “Os funcionários foram acolhidos e receberão todo apoio psicológico necessário. Os clientes que precisarem de atendimento presencial devem procurar a unidade próxima, agência 8486 (Av. Cônego Vasconcelos) ou acessar os canais digitais do Itaú.”
Relembre o caso “tio Paulo”
Érika de Souza, agora ré por tentativa de estelionato e vilipêndio de cadáver protagonizou uma das cenas que mais chocou o país em meados de abril. A cabeleireira é acusada de levar o tio Paulo já morto, em uma cadeira de rodas, até uma agência bancária no Rio de Janeiro para fazer um empréstimo de R$ 17 mil.
No local, funcionários perceberam que havia algo errado com Paulo e acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que constatou o óbito.
Após ser solta na semana passada, Érika se defende e diz que não percebeu que o tio estava morto. Em entrevista ao Fantástico no domingo, 5, a mulher afirmou que acredita estar sob efeito de remédios e que não queria o dinheiro do empréstimo para si.
Ao ser questionada se não achou que o tio estava muito fraco para sair de casa, Érika argumentou que não, e que foi ele quem pediu para ir até o banco.
Nas imagens, dentro do banco, ela aparece apoiando a cabeça do familiar, que segundo a cabeleireira, foi ele quem pediu, pois ficava ‘melhor apoiando’. O repórter questionou se a suspeita lembra o que as funcionárias falaram para ela dentro do estabelecimento: “Eu não consigo me lembrar. Não sei se é o efeito do remédio que eu tomei naquele dia”.
O remédio em questão é o Zolpidem, um fármaco usado para tratamento de distúrbios do sono. “Às vezes tomava mais do que devia”, alegou. “Eu acho que nem eu e nem muita gente percebeu [que ele estava morto], porque como você dá um papel para um morto assinar. Se elas tivessem percebido algo, também não teriam dado nada”, defendeu Érika.
A cabeleireira argumentou que só se deu conta quando o socorrista do Samu confirmou o óbito de Paulo. O idoso havia ficado internado por uma semana e recebeu alta um dia antes de seu falecimento. Na mesma data, a sobrinha o levou até uma agência bancária, onde o empréstimo foi autorizado, mas o saque deveria ser feito em outro local.
Sobrinha foi denunciada
O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou a cabeleireira pelos crimes de tentativa de estelionato e vilipêndio de cadáver. Segundo a promotoria, ela teve “desprezo e desrespeito” pelo idoso ao levá-lo ao banco morto para realizar o saque do dinheiro.
Na quinta-feira, 2, a juíza Luciana Mocco, que está à frente da 2ª Vara Criminal de Bangu, aceitou a denúncia apresentada pelo MP e Érika se tornou ré no processo. No entanto, a magistrada atendeu a uma solicitação da defesa da sobrinha e revogou a prisão preventiva, permitindo que Érika aguarde o desenrolar do processo em liberdade.
Em liberdade, ela precisa cumprir medidas cautelares, como se apresentar em juízo mensalmente, e justificar as suas atividades ou mudança de endereço. Caso seja necessária alguma internação de saúde mental, é preciso comunicar a Justiça. Ela também está proibida de deixar o Rio de Janeiro sem autorização.
A polícia também abriu outro inquérito e investiga se ela cometeu homicídio culposo, quando não há intenção de matar.