Sete mortes por dia: esse foi o número de vítimas fatais em Acidentes de Transporte Terrestre (ATT) em 2023 na Bahia, de acordo com dados divulgados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Foram 2.665 óbitos, com os motociclistas sendo a maioria das vítimas (44,5%), seguido pelos motoristas de carros (34,7%), pedestres (13,4%), e ciclistas e ocupantes de outros tipos de veículos (7,4%). Mais da metade dessas vítimas (51,8%) foi a óbito em via pública.
De 2010 até o início de 2020, houve uma queda sustentada de vítimas fatais na Bahia, mas desde então esse número vem crescendo e continuou alto em 2023, explica o economista da SEI, Jadson Santana. “O estado brasileiro tem criado medidas que surtiram efeito por bastante tempo, há exemplo da Lei Seca de 2012, que impactou de forma positiva na redução das mortes. Mas com os casos voltando a crescer nos anos recentes, observamos que é necessário que o Estado intervenha com políticas e ações para mudar o comportamento no trânsito e o número de vítimas volte a cair”, afirma.
Neste Maio Amarelo ações e campanhas visando a conscientização da população quanto a segurança no trânsito tem movimentado os órgãos, mas vale lembrar: tais ações acontecem durante todo o ano e são intensificadas em maio. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), por exemplo, criou o Comando Educativo que, com postos móveis e fixos, busca conscientizar a população com ações de orientação em rodovias, rodoviárias, empresas, escolas e universidades.
Só nos primeiros quatro meses de 2024, 115 sinistros com motocicletas ou similares foram registrados pela PRF na BR 324 – resultando em 13 vítimas graves e três mortes. “Dentre as principais causas estão a falta de atenção à condução, desrespeito às normas de trânsito, não guardar distância de segurança e transitar entre as faixas. Lembrando que não é proibido transitar entre os veículos, mas é necessário estar com uma velocidade compatível”, explica o agente da PRF, Fábio Rocha.
O policial se recorda de um flagra feito em um dia chuvoso. “A causa do sinistro foram os pneus carecas da moto. Ele derrapou e fraturou a perna ao cair. Ele ficou bem, mas precisou ficar afastado das suas atividades laborais, o que impactou diretamente sua família, já que ele sustentava a casa”, reflete Fábio Rocha.
E um desses grandes impactos é no Sistema Único de Saúde (SUS). Para se ter uma ideia, em 2023, de acordo com a SEI, foram 13.637 internações em decorrência dos ATT na Bahia, com cada internação tendo um tempo médio de 4,8 dias e um custo médio de R$1.193,43. “O impacto é muito grande para o SUS, porque as vítimas necessitam de tratamento e cuidado, que geram altos custos e ocupam leitos hospitalares por causa de acidentes que, muitas vezes, não aconteceriam caso as pessoas respeitassem as leis de trânsito. Por isso as medidas legais que orientam as pessoas quanto a como se comportar no trânsito são essenciais, só com eles é possível reduzir esse números”, afirma Jadson Santana da SEI.