Internação de Faustão levanta discussão sobre transplante de órgãos

Dados do Ministério da Saúde apontam que no primeiro semestre deste ano, o Brasil realizou 206 transplantes de coração. O número é 16% maior que o mesmo período do ano passado. O tema veio à tona após o apresentador Fausto Silva (Faustão) ser internado e entrar para fila única de transplante do órgão. O apresentador está internado em São Paulo há mais de 15 dias. No país, todos os procedimentos respeitam o Sistema Nacional de Transplantes, sejam custeados pelo SUS, por planos de saúde ou pagos pelo paciente.

De acordo com o painel do Sistema de Transplantes do país, atualizado no último dia 22, há 385 pessoas aguardando um novo coração e, entre elas, Faustão. Do total, 66% são homens, e 34%, mulheres. Com 73 anos, o apresentador está entre os 31 pacientes que têm 65 anos ou mais.

Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, mais de 50 mil pessoas estão na fila de transplante de órgãos no país. O transplante de rim representa cerca de 70% desse total. Em números absolutos, o Brasil ocupa a terceira posição no mundo entre os maiores transplantadores de rim. Só em 2022, foram registrados 4.828 procedimentos do tipo.

Estima-se que existam 850 milhões de pessoas com doença renal no mundo, sendo mais de 10 milhões no Brasil. Dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) apontam que, só no ano passado, foram realizados 240 transplantes de rim em 10 hospitais que oferecem o procedimento no Estado, considerando as doações inter vivos.

Na fila da Bahia, 2.281 pacientes esperam transplante de órgãos, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), divulgados no período de janeiro a julho de 2023. O líder da lista é o rim com 1.597 pacientes esperando. Na sequência, vem o transplante de córneas, com 1.252 pessoas e, em último, o fígado, que conta com 22 pacientes na fila.

No entanto, isso não significa que há uma rapidez nas chamadas daqueles que estão à espera de um órgão. Um exemplo disso, é o caso do engenheiro mecânico, Marcos César Domingos, de 64 anos, que teve o  diagnóstico da doença renal em julho de 2013. Foram 9 anos 10 meses fazendo diálise, enquanto aguardava um novo rim, transplantado após dois anos de espera na fila. “Realizei o transplante em maio deste ano. É uma felicidade indescritível e o pós operatório está tranquilo, graças a Deus. Nada é pior do que fazer hemodiálise três vezes por semana”, comemorou.

Quem pode doar e quem pode receber?

O médico nefrologista e Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, José Moura Neto, explicou ainda que “para o transplante renal com doador falecido, é necessário que haja identidade (mesmo tipo) do grupo sanguíneo ABO entre doador e receptor. Além disso, é necessário compatibilidade HLA (uma espécie de compatibilidade genética). Toda pessoa que sofre morte encefálica pode se tornar doador de órgãos, desde que sua família autorize. No caso do transplante com doador vivo, não é necessário a identidade, mas sim a compatibilidade do grupo sanguíneo ABO entre receptor e doador, além da compatibilidade HLA”.

Para ser doador de rim em vida é preciso ter mais de 18 anos e afastar que este seja portador de fatores de risco importante para doença renal ou que o mesmo já possua doenças que contraindicam a doação renal. Do mesmo modo, para receber o órgão, o paciente precisa estar em boas condições de saúde, sem infecções ativas ou doenças descompensadas.