Na década de 90, o maior comércio de drogas que se tinha conhecimento estava no Morro do Águia, sob o comando de Raimundo Alves, o “Ravengar”. Com a prisão dele nos anos 2000, houve a descentralização da venda de entorpecentes, o que possibilitou o surgimento das primeiras “empresas” do ramo na Bahia: as facções Caveira e Comando da Paz. Apesar de hoje extintas, elas impulsionaram o surgimento de outras organizações criminosas, transformando o estado num cenário de guerra. Atualmente, pelo menos 20 delas atuam no território baiano.
Com base nas ocorrências nas regiões, depoimentos de moradores e a gentes da força da segurança, o CORREIO mapeou a área de atuação de facções em alguns municípios. São 20 organizações criminosas espalhadas em 19 cidades. A maioria está em Salvador. São elas: Bonde do Maluco (BDM), Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP), Katiara, Ordem e Progresso (OP), A Tropa e o Bonde do Ajeita. Estas atuam no mercado varejista e, por isso, protagonizam os conflitos armados e têm ramificações em outras cidades, com exceção do Bonde do Ajeita, até então. Já o Primeiro Comando da Capital (PCC) atua restritamente nas unidades prisionais .
Criado em 2015, o BDM ainda é maioria: está presente em 13 cidades, três delas com aliança com a carioca TCP (Salvador, Santo Amaro da Purificação e Jacobina). A tropa e o PCC estão em cinco municípios. Já o arquirrival do BDM, o CV atua em quatro cidades, enquanto a OP e Katiara em três. Já o Primeiro Comando de Eunápolis (PCE) é maioria em dois municípios, assim como a Raio A e Raio B. As demais da lista são: Tropa do KLV, MK4, DMP, Mercado do Povo Atitude (MPA), Campinho (CP), Bonde do Neguinho (BDN), Bonde do SAJ, Honda e a Família do Norte.
De acordo com o Altas da Violência, lançado no último dia 18, Salvador encabeça a lista das capitais com maior índice de homicídios no Brasil em 2022. Com uma população de 2.417.678 de pessoas, a cidade teve 1.568 assassinatos registrados e 37 ocultos.
A taxa de morte a cada 100 mil habitante é de 66,4, a mais alta entre as capitais do país. Ainda segundo o Atlas, cinco municípios baianos estão entre os 10 mais violentos do Brasil. O primeiro dele é Santo Antônio de Jesus (94,1), onde o espaço é disputado pelo BDM e o Bonde do SAJ.
A segunda posição é Jequié (91,9), que repete o duelo da capital entre o BDM e o CV. Em seguida vem Simões Filho (81,2), na Região Metropolitana de Salvador (RMS), com a briga do BDM com a Katiara. A quarta posição é ocupada por Camaçari (76,6), também da RMS, com a guerra entre o BDM, CV e a Tropa do KLV. O quinto lugar é de Juazeiro (72,3), onde cinco brigam por território: BDM, Honda, Família do Norte, Raio A e Raio B.
Ainda, dentre os 20 municípios mais violentos, onze estão na Bahia – Salvador (9º no ranking), Feira de Santana (10º), Ilhéus (15º), Luís Eduardo Magalhães (16º) e Teixeira de Freitas (19º).