Eleições e disputa por Senado expõem racha entre Rui e Wagner

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, ambos do PT e aliados de longa data do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estão enfrentando novas divergências. Os conflitos giram em torno das eleições municipais de Salvador, de seus futuros políticos em 2026, e das direções que o governo da Bahia deve seguir.

Segundo o jornal O Globo, essas diferenças se tornaram mais evidentes durante as negociações para as eleições de 2022. Rui, então governador bem avaliado em seu segundo mandato, planejava concorrer ao Senado, mas teve que abrir mão desse plano para manter a aliança com o PSD.

Rui, inclusive, já indicou que pretende retomar sua candidatura em 2026, mas esse desejo conflita com a base petista na Bahia, que mantém o PSD como aliado principal desde 2010. Tanto Jaques Wagner quanto Angelo Coronel (PSD), os dois senadores da Bahia cujo mandato termina em 2026, querem concorrer à reeleição.

O grupo de Rui acredita que, após ter recuado em 2022, quando desistiu de uma candidatura ao Senado vista como certa, ele agora tem o direito de ser o candidato ao Senado. Esses aliados veem as ações de Wagner, que tem declarado sua intenção de buscar um novo mandato, como uma tentativa de garantir espaço até a definição de 2026.

Recentemente, ainda conforme a publicação, um novo desentendimento surgiu durante a celebração do Dois de Julho na Bahia. Na ocasião, Rui Costa afirmou sentir “saudade” do contato direto com a população baiana, o que foi interpretado pelo grupo de Wagner como uma indicação de que Rui estaria interessado em voltar ao Palácio de Ondina em 2026, desconsiderando a possível reeleição de Jerônimo Rodrigues (PT).

Interlocutores de ambos admitem que, embora a relação tenha sido muito próxima em outros tempos, agora é mais distante e, em alguns momentos, apenas protocolar, mas sem chegar a um rompimento. Em entrevista ao jornal O Globo em junho, Wagner afirmou que construiu uma trajetória ao lado de Rui e não pretende descartá-la.

A eleição na capital baiana também gerou divergências entre Rui Costa e Jaques Wagner. O senador foi um dos principais apoiadores da candidatura do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) para a Prefeitura de Salvador, que o PT nunca governou, apesar de liderar o estado há 20 anos. Em contrapartida, Rui apoiava José Trindade, presidente da Conder. Aliados preveem que Geraldo Júnior será derrotado por Bruno Reis (União Brasil) já no primeiro turno.

Apesar de ser um influente cabo eleitoral em Salvador, Rui Costa tem mantido distância da disputa local, evitando associar sua imagem a uma possível derrota do vice de Jerônimo. O ministro tem focado sua atenção em outras cidades onde busca eleger aliados, como Camaçari, Lauro de Freitas, Vitória da Conquista e Feira de Santana.

Jerônimo tem tentado deixar sua marca própria no governo, mas sua gestão é dividida entre o grupo ligado a Wagner e o mais próximo a Rui. Um ponto de conflito é a comunicação do governo, com cada lado defendendo abordagens diferentes, o que gera atritos entre seus aliados.