Com Super EL NIÑO, Defesa Civil vê risco ao abastecimento de água em Itabuna

A Defesa Civil de Itabuna divulgou documento sobre as previsões de que o Nordeste poderá enfrentar, no segundo semestre de 2023, estiagem parecida com a dos anos de 2015 e 2016, quando a escassez hídrica causou desabastecimento em várias cidades, inclusive no município grapiúna. Com base nas informações disponíveis, é possível afirmar que, neste ano, teremos um Super El Niño, pois o aumento de temperatura do Oceano Pacífico já foi constatado, segundo informação do diretor local da Defesa Civil, Kaique Brito, ao PIMENTA. “É certeza que a gente vai ter estiagem no segundo semestre deste ano. Já é cem por cento consolidado em todos os modelos [meteorológicos]”.

Diferente de regiões como a do semiárido baiano, continuou Kaique, o sul da Bahia não tem registro de estiagens que secaram completamente os rios. Mas, por aqui, sob a influência do El Niño, os acumulados de chuva dos meses de outubro, novembro e dezembro ficam abaixo da média histórica. De acordo com o relatório da Defesa Civil, isso significa que a distribuição de água em Itabuna pode vir a ser afetada, novamente, por uma período de chuvas reduzidas.

“Como foi 2015 e 2016? A gente teve a crise hídrica, mas não deixou de chover. Ao invés de chover 100 milímetros por mês [equivalente a 100 litros por metro quadrado], que é a média histórica, choveu 20, 30 milímetros, e eram chuvas concentradas. Os rios continuavam perdendo água e a chuva alimentava os rios com pouca água. O balanço hídrico ficou negativo”, acrescentou.

Foi a diminuição do nível do Rio Almada, em 2015 e 2016, que aumentou a proporção de água salgada no seu leito, recordou Kaique, ressaltando que o ponto de captação no Almada, em Castelo Novo, zona rural de Ilhéus, é a principal fonte de abastecimento de Itabuna. Como a adutora fica em uma área no mesmo nível do mar, a redução das chuvas pode fazer com que a água salobra volte a predominar no local, alertou.

O Rio Cachoeira também baixou na crise da década passada, mas suas águas abastecem no máximo 20% de Itabuna, na região de Ferradas, complementou Kaique Brito.

RESPOSTA

O diretor da Defesa Civil disse que o Governo Municipal já se mobiliza para enfrentar o cenário de escassez hídrica, caso as previsões se confirmem. Para Kaique Brito, hoje, a Empresa Municipal de Águas e Saneamento (Emasa) e a Prefeitura de Itabuna têm melhores condições de lidar com os efeitos de uma estiagem como a de 2015-2016.

No relatório do órgão e ao PIMENTA, ele citou a possível utilização da água da Barragem de Itapé para abastecer os reservatórios da Emasa, com a ajuda de caminhões-pipa. A barragem sobre o Rio Colônia foi inaugurada em 2018. Durante a crise de oito anos atrás, os caminhões a serviço da Emasa buscavam água no Rio de Contas, em Ubaitaba. Segundo Kaique, caso seja necessário, no segundo semestre de 2023, a Emasa teria acesso mais fácil à água em Itapé. Essa e outras medidas serão analisadas junto com a empresa e setores da gestão municipal, concluiu o diretor da Defesa Civil.