Capitania Hereditária no TCM? A Fabulosa Dinastia dos Negromonte

Na Bahia, a política não cansa de nos presentear com enredos dignos de um roteiro de série medieval. A mais nova saga tem como cenário o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e seus tronos vitalícios. Com a aposentadoria compulsória de Mário Negromonte, um vácuo de poder se abre. Mas não por muito tempo, afinal, a cadeira parece já ter destinatário certo: Camila Vasquez, procuradora do Ministério Público de Contas (MPC) e, coincidência do destino — ou melhor, das alianças matrimoniais — nora do quase aposentado.

Nada contra Camila. A mulher é qualificada, está no cargo por mérito, e isso é inegável. Mas convenhamos, o sobrenome às vezes pesa mais que o currículo. A vaga que deveria ser preenchida por um membro do MPC, segundo um Termo de Ajustamento de Conduta assinado lá atrás, nunca chegou a ser ocupada por falta de alguém com os requisitos mínimos. Azar o nosso, sorte dos Negromonte. A espera serviu perfeitamente para que a esposa de Mário Jr. acumulasse a experiência necessária para o cargo. Timing político ou uma cartada de mestre?

Enquanto isso, Mário Jr. não faz questão de esconder seu esforço para garantir que o título de conselheiro permaneça em família. A Bahia, terra de tradições, parece agora importar o modelo de capitanias hereditárias para seus tribunais. Resta saber se o governador Jerônimo Rodrigues será o fiel escudeiro que oficializará essa nova dinastia no TCM, ou se teremos um plot twist digno de novela das nove.

No fim das contas, talvez estejamos sendo apenas injustos. Afinal, Camila não deveria ser penalizada por ter casado com um Negromonte. Da mesma forma que Mário Jr. não pode ser criticado por querer que o título de conselheiro permaneça em “boas mãos”… as dele. Afinal, tradição é tradição. E aqui, a cadeira do TCM parece ser passada de pai para filho — ou melhor, de sogro para nora.