A temporada de queimadas na Bahia varia anualmente entre os meses de setembro e novembro, segundo o Programa Queimadas do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Porém, os focos que continuam a ser registrados em dezembro estão mantendo o Corpo de Bombeiros da Bahia (CBM-Ba) em operação especial para combater as chamas. Na última segunda-feira (04), 200 bombeiros, com sete aviões e dois helicópteros, além de voluntários, atuaram nas regiões mais atingidas no interior do estado. Nos três primeiros dias de dezembro, o Inpe contabilizou 74 focos de incêndio na Bahia.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a operação é realizada em parceria com o Programa Bahia Sem Fogo da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), responsável por ceder os sete aviões usados pelos bombeiros, todos do modelo Air Tractor – ideal para o combate a incêndios e serviços agrícolas.
Os dois helicópteros são: um do Grupamento Aéreo (Graer) da Polícia Militar da Bahia (PMBA) e outro do governo de Pernambuco. Brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e brigadistas voluntários dos municípios próximos às regiões atingidas também dão apoio à Operação Florestal, que teve início em julho deste ano. Além dos combates, os bombeiros também realizam ações preventivas com a população local.
Os incêndios florestais ganham proporções maiores durante essa época do ano, quando as temperaturas estão mais altas. Há duas semanas, a Bahia registrou 107 focos de incêndios florestais em 48 horas, de acordo com o Programa Queimadas do Inpe. Foram 897 ocorrências registradas apenas em novembro e pouco mais de 11 mil em todo o ano.
Atuação municipal
Uma das situações mais críticas é a de Mundo Novo, no centro-norte baiano, que enfrenta a pior tragédia ambiental de sua história com um incêndio que já atingiu 30 fazendas da zona rural. As chamas começaram na roça de um pequeno agricultor e se espalharam para a reserva ambiental do Instituto Divina Pastora, administrada pela Abadia Cisterciense de Jequitibá, situada entre os povoados de Jequitibá e Pindaí, na última quarta-feira (29).
Para combater as chamas que ameaçam atingir os povoados e a Abadia Cisterciense de Jequitibá, um dos cinco mosteiros desse tipo do país, a prefeitura está apoiando o trabalho do Corpo de Bombeiros com o fornecimento de carros pipas e retroescavadeiras para abrir trilhas na reserva de mata. Na noite da última segunda-feira (04), o fogo ainda persistia.
“Também estamos contribuindo para a hospedagem e alimentação de todo o corpo de bombeiros, mas também dos voluntários que também se encontram lá no Jequitibá neste combate ao fogo […] vale ressaltar que vários fazendeiros e prefeitos da região estão mobilizados para tentar ajudar na contenção desse fogo”, afirmou o prefeito de Mundo Novo, José Adriano da Silva (PSB).
Segundo informações enviadas pela prefeita de Morro do Chapéu, Juliana Araújo, na última segunda (04), o município registrou quatro focos de incêndio. Dois deles foram controlados com o trabalho de brigadistas, bombeiros civis, da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, com o apoio de aeronaves.
Contudo, dois dos focos continuam ativos e, segundo a prefeitura de Morro do Chapéu, foram causados por bitucas de cigarros e por um incêndio iniciado para abertura de pastagem, mas que acabou saindo do controle. A gestora informou que o município está em alerta para o risco de uma tragédia ambiental e que reforçou as ações de combate a incêndios.
“Faço um apelo às pessoas para que não coloquem fogo no quintal de casa para abrir pastagem. Isso é uma irresponsabilidade e pode causar uma grande tragédia ambiental. É preciso ter uma conscientização. As barragens estão secando, muita gente está sem água em casa. Nós temos sete carros-pipas, que neste momento estão dando apoio no combate aos incêndios”, declarou Juliana Araújo.
(Correio)