Jequié, Santo Antônio de Jesus, Simões Filho e Camaçari. As quatro cidades baianas têm uma coisa em comum: encabeçam a lista de municípios mais violentos do Brasil, com mais de 100 mil habitantes.
Nesta sexta-feira (21), o g1 te ajuda a entender como a violência escalou nestes lugares. Os quatro municípios estão no mesmo patamar de taxa de mortes violentas intencionais, de acordo com apuração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados na quinta (20), em anuário.
São enquadradas como mortes violentas intencionais o homicídios dolosos (incluindo feminicídios); lesões corporais que terminam com morte; latrocínios, que é quando a vítima é assassinada para que o roubo seja concluído; mortes de policiais e também assassinatos cometidos por policiais.
O especialista em segurança pública, co-fundador e coordenador executivo da Iniciativa Negra Por uma Nova Política de Drogas (INNPD) descreve três fatores que contribuíram para o avanço das mortes violentas.
“Nós temos um conjunto de fatores e um deles, com certeza, é a migração de organizações ligadas ao comércio ilícito de armas e drogas para o Nordeste, vindos do Sudeste. Outro fator é a pulverização de um conjunto de organizações atuando neste mercado. E o terceiro é o investimento em uma lógica de polícia que favorece o confronto”.
“Essa lógica chamada de ‘guerra às drogas’, mas que na verdade é uma guerra contra pessoas, e não contra substâncias”.
Além de Jequié, Santo Antônio de Jesus, Simões Filho e Camaçari, a Bahia aparece na lista das 50 cidades mais violentas outras oito vezes: Feira de Santana, Juazeiro, Teixeira de Freitas, Salvador, Ilhéus, Luís Eduardo Magalhães, Eunápolis e Alagoinhas.
“A gente tem que pensar que precisa mudar a rota da segurança pública. Atualmente, nós estamos investindo ainda em uma mesma ótica de incentivo à repressão, ao confronto e à ocupação de territórios, e a gente não tem produzido mais segurança para a população baiana”.
Dudu analisa que é preciso atuar em frentes diferentes e produzir alternativas macro, para reduzir a quantidade de municípios baianos no ranking de violência. Para ele, o primeiro passo é investir em ciência de dados, para ter conhecimento da real situação da violência e atuar adequadamente.
“Falar em ciência é investir em bom dados e transparência de dados em segurança pública, para a gente conhecer melhor a realidade que a gente está atuando, para fazermos melhores opções. É investir o dinheiro em segurança pública, pensando que segurança pública não é só polícia: é investir em educação, cultura, emprego e lazer, em condições e oportunidades para a população, e isso sim reduz cientificamente os dados da violência”.