As mortes de duas crianças por picada de escorpião na Bahia, no último mês, acenderam um alerta no estado. De acordo com dados do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia (CIATox/BA), vinculado à Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), os acidentes com escorpiões correspondem a 71,5% das notificações envolvendo animais peçonhentos.
Este ano, até o momento, foram registrados 9.495 acidentes por escorpião na Bahia – 1.067 em crianças e 685 em adolescentes. Das ocorrências, 10 resultaram em morte, entre elas uma criança e um adolescente. Em 2024, o total foi mais alarmante: 34.074 casos no estado, com cinco mortes de crianças e adolescentes, entre as 28 registradas.
O farmacêutico bioquímico Jucelino Nery, especialista em toxicologia clínica e diretor do CIATox, explica que o risco de gravidade depende de fatores como idade, existência de doenças prévias, espécie do escorpião, número de picadas e tempo até o atendimento médico. Crianças e idosos são mais sensíveis ao veneno.
“A criança tem massa corpórea menor. E os idosos já estão com funcionamento biológico não tão atuante. O paciente pode desenvolver desde dor no local e dormência, que são os sintomas mais frequentes, podendo evoluir para vômito, dor de cabeça, alterações cardíacas”.
Em caso de acidente, o especialista alerta que a única coisa que deve feita é lavar com água e sabão e levar a vítima para a unidade de saúde mais próxima. “Quanto menor o tempo entre o acidente e o atendimento médico, melhor”.
Segundo Jucelino Nery, a Bahia possui 233 unidades de referência para soroterapia. “Menos de 10% dos pacientes precisam usar soro, mas, quando é necessário, está disponível”, garante.