Ipiaú celebra nesta segunda-feira, 91 anos de sua emancipação político-administrativa, marcando quase um século de história rica e singular. Situada no coração da região cacaueira da Bahia, o município possui raízes que remontam à ocupação indígena dos Tapuias e ao contexto desafiador da colonização. Com o passar do tempo, essa área transformou-se em um polo de desenvolvimento econômico e cultural.
As origens: de Rapa-tição a Alfredo Martins
A história de Ipiaú começa em uma região de vastas matas, inicialmente habitada pelos índios da tribo Tapuia. O local, que atraía criminosos e aventureiros, ficou conhecido como Rapa-tição, um nome que simbolizava “roubo de tições” ou, em outra interpretação, “barulho ou desordem”, referindo-se ao uso de tições como armas em conflitos.
Por volta de 1913, Raimundo dos Santos se estabeleceu na região que hoje é a vila de Ibirataia, conhecida na época como Tesouras. Naquele tempo, o local era praticamente deserto, habitado apenas por duas mulheres e um fugitivo de Castro Alves. Em meio a fazendas de cacau, Raimundo dos Santos dedicava-se à lavoura cacaueira, vendendo sua produção aos viajantes que transitavam pela área.
Percebendo o potencial de crescimento da região, em 1916, ele conseguiu junto a Camamu a criação de um Distrito de Paz no povoado. Embora desejasse o nome Rio Novo, o distrito foi batizado de Alfredo Martins. Esse foi o primeiro passo para a formação de um núcleo urbano organizado.
A expansão cacaueira e a chegada dos colonizadores
A fertilidade do solo atraiu um grande número de colonizadores, que chegaram em levas vindas de diferentes regiões da Bahia. A parte norte recebeu moradores do sertão, especialmente de Jequié e Nossa Senhora da Conquista. No sul, a ocupação foi mais antiga, com colonos provenientes de Ilhéus, subindo o Rio das Contas em busca de terras férteis para o cultivo do cacau. Já na parte leste, o fluxo de povoadores veio de Camamu e Santarém.
A partir desse cenário de expansão, a região se consolidou como um importante centro agrícola, baseado especialmente na produção cacaueira. Em 1933, o município de Rio Novo, antigo nome de Ipiaú, já era constituído pelos distritos de Rio Novo, Barra do Rocha, Dois Irmãos e Tesouras.
De Rio Novo a Ipiaú: a mudança do nome
Com o tempo, mudanças administrativas foram moldando o território. Pelo Decreto-Lei Estadual n.º 141, de 31 de dezembro de 1943, e sua retificação pelo Decreto Estadual n.º 12.978, de 1 de junho de 1944, o município passou a se chamar Ipiaú. Na mesma ocasião, os distritos de Dois Irmãos e Tesouras receberam os novos nomes de Ubatã e Ibirataia, respectivamente.
Já em 1950, a divisão territorial confirmou o município constituído pelos distritos de Ipiaú, Barra do Rocha, Ibirataia e Ubatã, delineando os limites que persistem até hoje.
Ipiaú hoje: legado e futuro
Atualmente, Ipiaú é um município que combina a herança cultural do passado com as perspectivas de desenvolvimento no presente. Sua importância histórica é reflexo de um povo resiliente que transformou uma terra inóspita em um lugar próspero. O cultivo do cacau ainda ocupa papel central na economia local, mas novas atividades econômicas têm surgido, diversificando a base produtiva da região.
Comemorar os 91 anos de emancipação é relembrar o caminho percorrido e projetar um futuro de progresso para Ipiaú, sempre honrando sua rica história e os esforços daqueles que a construíram.